No Fórum, em Lisboa, Caiado defendeu a qualidade da produção agrícola brasileira e ressaltou que as tarifas globais criam concorrência desleal - Fotos: Victor Lobo e Bárbara Simões |
Governador defende autonomia dos países para definir padrões de desenvolvimento sustentável, em encontro, que reúne acadêmicos, gestores, especialistas para dialogar sobre avanços e recuos da globalização
O governador Ronaldo Caiado defendeu, durante o XII Fórum de Lisboa, nesta quarta-feira (26), que “nenhum país tem uma agricultura mais sustentável que o Brasil”, e que os consumidores do mundo têm a garantia da origem e qualidade dos alimentos brasileiros. O gestor do estado de Goiás foi o principal palestrante do painel “Agronegócio na Economia Global”, e lotou um anfiteatro da Faculdade de Lisboa.
Ao falar sobre a competitividade do agronegócio brasileiro, e a busca por produtividade com respeito ao meio ambiente, Caiado destacou que não cabe à União Europeia definir parâmetros de sustentabilidade, já que o continente europeu praticamente não tem florestas nativas originais, apenas áreas replantadas. O evento, que segue até sexta-feira (28), tem como tema “Avanços e recuos da globalização e as novas fronteiras: transformações jurídicas, políticas, econômicas, socioambientais e digitais”.
“A agropecuária brasileira só atinge 10% da área do território nacional. Temos o código florestal mais restritivo do mundo”, disse Caiado. Em seguida, completou que o Brasil tem competência própria para definir o que é sustentabilidade, uma vez que possui 58,5% de florestas nativas, o equivalente a 495 milhões de hectares de terra cobertos com vegetação original.
O governador ainda afirmou que um dos entraves para ampliar as exportações brasileiras são as altas taxas protecionistas praticadas por outros países na comercialização dos produtos. “Verdadeiros bloqueios tarifários no mundo todo. Sofremos uma concorrência desleal com países que já têm convênios e que têm maior facilidade”, disse Caiado.
A necessidade de mais subsídios governamentais ao setor agrícola, como os que existem na Europa, foi reivindicado pelo governador, para que a produtor rural possa ter mais garantias ao assumir o risco de investir no aumento da produção. “O Brasil tem direito a um seguro agrícola, é uma demanda antiga. Para o produtor, absorver o risco sozinho é muito difícil”, ressaltou.
Com moderação da ex-senadora Kátia Abreu, que também é goiana, a mesa contou com a participação do diretor-presidente da Infra S.A., Jorge Bastos; do CEO da Enforce Gestão de Ativos e do BTG Pactual, Otávio Carneiro; e do fundador do Grupo Ecoagro, Moacir Ferreira Teixeira.
O XII Fórum de Lisboa
O encontro anual reúne acadêmicos, gestores, especialistas, autoridades e representantes da sociedade civil organizada, do Brasil e da Europa, para dialogar sobre como a globalização tem impactado as relações entre Estados, instituições, empresas e povos.
O evento é organizado pelo Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), pelo Lisbon Public Law Research Centre (LPL) da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e pelo Centro de Inovação, Administração e Pesquisa do Judiciário da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
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