A alimentação desempenha ponto-chave na prevenção de doenças inflamatórias intestinais

 


De acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), as doenças inflamatórias intestinais afetam mais de 5 milhões de pessoas no mundo

O Maio Roxo é o mês de conscientização das doenças inflamatórias intestinais (DIIs), um grupo de doenças inflamatórias do trato digestivo de caráter imunomediado, cujos principais representantes são a doença de Crohn e a retocolite ulcerativa. Este período destaca não apenas a luta contra essas condições, mas também a importância da alimentação e dos cuidados contínuos na saúde intestinal.

A nutrição desempenha um papel crucial na prevenção e no manejo das DIIs, bem como na promoção da saúde digestiva como um todo. Segundo Phelipe Auerswald, professor de nutrição da Estácio FAPAN, “para manter o intestino funcionando de forma adequada e promover a saúde intestinal, é fundamental incluir na dieta alimentos ricos em fibras, probióticos e prebióticos”.

As fibras, encontradas em frutas, verduras, legumes, cereais integrais e sementes, ajudam a regular o trânsito intestinal e promovem o bom funcionamento do intestino. “Os probióticos, presentes em alimentos como iogurte natural, kefir e alguns queijos, auxiliam no equilíbrio da microbiota intestinal, contribuindo para a saúde do intestino. Já os prebióticos são fibras não digeríveis que servem de alimento para as bactérias benéficas do intestino, sendo encontrados em alimentos como alho, cebola, banana verde e alcachofra”, explica o nutricionista.

No entanto, é importante ter cuidado com alguns alimentos que podem desencadear ou agravar sintomas das DIIs, como alimentos processados, ricos em gorduras saturadas, açúcares refinados e aditivos químicos. Além disso, “pessoas com hipersensibilidades a determinados alimentos, como laticínios, glúten e alimentos ricos em FODMAPs, devem evitar ou moderar o consumo desses alimentos conforme orientação médica. A alimentação desempenha um papel fundamental na saúde intestinal, podendo tanto prevenir quanto auxiliar no tratamento das doenças inflamatórias intestinais”, enfatiza Phelipe.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), as DIIs afetam mais de 5 milhões de pessoas no mundo, com os casos no Brasil em ascensão, atingindo 100 a cada 100 mil habitantes, com maiores concentrações no Sul e no Sudeste do país. As DIIs são caracterizadas por inflamações no revestimento intestinal.

Liliane Trivellato Grassi, doutora em engenharia biomédica e professora do Idomed FAPAN, explica que a doença de Crohn, por exemplo, provoca inflamações em todo o trato digestivo, desde a boca até o ânus, enquanto a colite ulcerativa causa inflamações e úlceras no reto e intestino grosso. “É essencial diferenciar as DIIs da Síndrome do Intestino Irritável (SII), que não prejudica as paredes do intestino e não evolui para quadros clínicos mais graves, apesar de apresentar sintomas semelhantes, como dores intestinais, diarreia e constipação”, comenta.

Os pacientes com DIIs enfrentam desafios adicionais, podendo enfrentar complicações graves e até necessidades cirúrgicas. De acordo com a Organização Brasileira da Doença de Crohn e Colite, esses pacientes têm um risco aumentado de desenvolver câncer colorretal, especialmente com o passar do tempo desde o diagnóstico. Esse risco destaca a importância da monitoração regular para prevenir o desenvolvimento da doença ou permitir intervenções precoces e mais efetivas em caso de diagnóstico de câncer.

Liliane orienta que o tratamento das DIIs visa controlar a inflamação intestinal e aliviar os sintomas. “Isso pode envolver o uso de medicamentos, como anti-inflamatórios, imunossupressores e biológicos, dependendo da gravidade e da extensão da doença. Em casos graves, pode ser necessária a intervenção cirúrgica para remover partes do intestino afetadas pela doença”, destaca.

É fundamental que os pacientes com DIIs recebam acompanhamento médico regular e sigam as orientações do profissional de saúde para gerenciar a doença de forma eficaz e minimizar o impacto na qualidade de vida. “A conscientização sobre as DIIs durante o Maio Roxo é essencial para promover a compreensão e o apoio a esses pacientes, além de incentivar a pesquisa e o desenvolvimento de novas terapias para melhorar o tratamento dessas condições”, finaliza a professora.


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