Ardência, vermelhidão e coceira nos olhos são alguns dos
sintomas que costumam aparecer depois de horas em frente aos eletrônicos
Depois de um longo dia em frente ao computador, você sente
os seus olhos ardendo? A provável causa desse desconforto pode ser a “Síndrome
do Olho Seco”, uma queixa cada vez mais frequente nos consultórios de
oftalmologistas.
Segundo a Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), cerca
de 90% das pessoas que passam mais de três horas em frente às telas apresentam
algum sintoma que afeta a saúde ocular. Isso porque, quando utilizamos
computadores, smartphones, tablets e TVs, costumamos piscar menos e a
lubrificação dos olhos fica prejudicada.
Além da ardência, os desconfortos incluem ainda vermelhidão,
coceira, sensibilidade à luz e sensação de grãos de areia nos olhos.
Esses sintomas acometem de 10% a 20% da população mundial,
como relata o médico oftalmologista Paulo Ricardo de Oliveira, diretor Técnico
do Instituto Panamericano da Visão. No Brasil, a porcentagem é estimada em
cerca de 13%, sendo que as mulheres são mais acometidas do que os homens na
proporção de três para um.
Por que os olhos ressecam?
Os olhos ressecam porque, em frente às telas, piscamos três
ou quatro vezes por minuto, enquanto o normal são de 12 a 14 vezes neste mesmo
período. O oftalmologista explica que é por isso que o problema também é
conhecido como “Síndrome do Computador”.
“Quando a pessoa pisca, a pálpebra distribui a lágrima na
superfície ocular, formando o que chamamos de filme lacrimal, que possui três
camadas: uma mais superficial, composta de gordura produzida pelas glândulas
que existem nas pálpebras; uma aquosa e outra mais interna, que é uma camada de
muco intimamente ligada à superfície do olho”, esclarece.
Com a redução do gesto de piscar, a lubrificação dos olhos
fica comprometida, gerando os sintomas do olho seco.
O oftalmologista explica que há dois tipos básicos de olho
seco:
• Evaporativo:
quando ocorre uma evaporação mais acentuada da lágrima, problema associado, por
exemplo, à blefarite, que é uma inflamação da borda da pálpebra;
• Deficiência
aquosa: relacionado a doenças, como artrite reumatoide, lúpus eritematoso
sistêmico e outras condições reumáticas.
Segundo ele, alguns medicamentos, como anticoncepcionais,
antidepressivos e anti-hipertensivos também contribuem para uma diminuição na
produção de lágrimas. A lista de outras situações responsáveis pela Síndrome do
Olho Seco inclui ainda a baixa umidade do ar, a poluição e ambientes com
ar-condicionado ou fumaça de cigarros.
O que fazer para tratar?
Para evitar a Síndrome do Olho Seco causada pelo uso
excessivo de telas, é preciso não exagerar neste hábito. “Orientamos pausas de
5 a 10 minutos a cada uma ou duas horas. Também é preciso atenção à posição do
monitor. Com a tela na linha dos olhos ou acima dela, a pessoa tende a ficar
com os olhos mais abertos, o que aumenta a evaporação e a possibilidade de ter
olho seco. Então, o ideal é deixar a tela mais baixa do que a linha dos olhos”,
orienta Paulo Ricardo de Oliveira.
Além das medidas preventivas, o tratamento é feito com
colírios umidificantes. “Existem os colírios com conservantes e os sem
conservantes, indicados para aplicar várias vezes por dia, inclusive por quem
usa lentes de contato. Há também medicamentos em forma de gel, recomendados
para uso noturno”.
Já quando existe inflamação na pálpebra, uma técnica
utilizada é a luz pulsada, que desobstrui as glândulas da região.
O médico oftalmologista ressalta que independentemente da
causa, o problema tem tratamento, porém, que cada forma de tratar é
individualizada, definida de acordo com as causas, sintomas e atividades do
paciente. “Tudo isso é levado em consideração pelo especialista na hora de
prescrever o tratamento”.