A pressão alta, também conhecida como hipertensão arterial, atinge cerca de 1,3 bilhão de pessoas no mundo, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). O dado reforça a necessidade de conscientização da população acerca da doença, que, ainda segundo a OSM, atinge quase metade dos brasileiros com 30 anos de idade. O Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, 26 de abril, foi estabelecido como a data oficial para o debate sobre a importância do diagnóstico preventivo e do tratamento da doença, que pode estar relacionada a 80% dos casos de acidente vascular cerebral (AVC) e 60% dos casos de infarto agudo do miocárdio.
Levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) mostra que, entre 2008 e 2022, o número de internações por infarto aumentou no Brasil. Entre os homens, a média mensal passou de mais de cinco mil para mais de 13 mil, alta de 158%. Entre as mulheres, a média foi de quase dois mil para quase cinco mil, aumento de 157%. O estresse repentino, que é tido como a causa de cerca de 15% dos casos de infarto, por provocar o fechamento de uma artéria coronária, também não “escolhe” idade.
O professor do Idomed FAPAN e especialista em medicina de família e comunidade, Pável Miranda Barreto, explica que existem dois tipos de hipertensão: a primária, ou essencial; e a secundária. Na primária, também chamada de idiopática, não é possível identificar uma causa específica para o aumento da pressão arterial, mas um acúmulo de fatores de risco. Já na secundária, existe uma outra doença ou condição que é a responsável pelo aumento da pressão arterial.
Segundo Barreto, a hipertensão arterial primária atinge aproximadamente 95% dos pacientes hipertensos; já a secundária, apenas 5%. “Entre os fatores responsáveis pela elevação dos valores de pressão, estão a obesidade e o sobrepeso, a prática insuficiente de atividades físicas ou sedentarismo, dietas ricas em sódio, consumo de bebidas alcoólicas, o tabagismo e a predisposição genética”, explica. A mudança no estilo de vida da população e a alimentação desregulada faz com que, cada vez mais, a hipertensão esteja presente entre pacientes jovens, de 20 a 30 anos. “Há alguns anos, esse quadro era observado na população de 40 ou 50 anos”, pontua.
Ao falar do tratamento, Pável Barreto salienta que existem opções não farmacológicas, compostas de orientações dirigidas para controle de fatores de risco. Conforme explica, o manejo farmacológico deve ser indicado apenas para pacientes nos quais o manejo não farmacológico não foi suficiente para manter os valores de pressão arterial dentro do recomendável, e para os quais existem vários tipos de medicações com funções e efeitos diversos. “Esses fármacos devem ser utilizados seguindo as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia, leitura obrigatória para todos nós que atendemos pacientes com hipertensão”, conclui.
Prevenção
Para Eliane Duarte, professora de enfermagem da Estácio FAPAN e especialista em UTI, o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial é especialmente importante para conscientizar a população acerca da aferição (monitoramento) regular da pressão arterial, a adoção de hábitos saudáveis diários, diagnóstico preventivo e tratamento adequado da doença, que mata mais de 10 milhões de pessoas por ano no mundo. “No Brasil, cerca de 30% da população é hipertensa”, esclarece.
De acordo com a professora, a hipertensão é uma doença crônica não transmissível e silenciosa, portanto, perigosa, que acomete cada vez mais o público jovem, incluindo crianças e adolescentes, com destaque para o sexo masculino. “Esse novo perfil de paciente tem a ver com o alto índice de sedentarismo, ingestão excessiva de sal, gordura, carboidratos, refrigerantes, lanches, refeições semiprontas, salgadinhos e bebidas alcoólicas. A consequência quase sempre é a obesidade ou sobrepeso na população mais jovem e adolescentes”, explica. A adoção de hábitos saudáveis diminui as chances de surgimento da doença, muitas vezes detectada tardiamente, por sua evolução lenta e silenciosa.