Bio Caldo - Quit Alimentos

Universitários querem empreender, mas falta ensino, mostra pesquisa

Estudo revela desejo de acadêmicos de abrirem as próprias empresas, mas mostra que instituições não preparam alunos



Em um cenário pós-pandêmico, onde muita gente resolveu desbravar o mundo do empreendedorismo, e de recuperação da economia, mesmo que ainda tímida, criar seu próprio negócio ou sua independência financeira se torna um sonho mais palpável. Um estudo recente mostra que sete a cada 10 estudantes universitários poderiam se tornar empreendedores. Na contramão, apenas 32% deles acreditam que saem das faculdades preparados para esse novo desafio. Os dados são da ABMES (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior), em parceria com a Educa Insights.

A pesquisa também ampliou o conceito de empreendedorismo e traçou quatro diferentes perfis de jovens que podem fazer a diferença: o Tradicional, aquele que quer abrir o próprio negócio e viver uma vida sem patrão, que corresponde a 24% do total; o Criador, que sonha em inventar algo que não existe, encontrado em cerca de 17% do universo pesquisado; o Idealista, que tem a motivação social como principal premissa para o desejo de empreender, presente em 31% da amostra, e o Agilizado, que quer fazer a ideia sair do papel, que tem 28% de pessoas nessa categoria. 

Segundo a ABMES, tais perfis sugerem que as universidades poderiam mudar completamente o jeito de passar o conhecimento adiante, oferecendo cursos voltados para a resolução de problemas em um diálogo mais presente entre a realidade e a sociedade e não apenas cumprir uma grade curricular extensa, baseada na acumulação de saberes. Essa também é a leitura feita pela psicóloga e especialista em gestão de pessoas e consultora de carreiras e desenvolvimento profissional, Rosemeire Meza. “As universidades continuam fazendo seu papel de sempre, formam o estudante para trabalhar e não para empreender. Não orientam seus alunos como se posicionarem no mercado ou como montarem seus negócios”, avalia. 

A especialista acredita que faltam nas instituições de ensino superior matérias como gestão de pessoas, empreendedorismo, posicionamento profissional. Mercado mais competitivo Somados a esses fatores, o mercado de trabalho está cada vez mais cheio de novos profissionais saindo das faculdades. Somente na área do Direito, por exemplo, estima-se que a cada hora, o Brasil forma 10 bacharéis, pelos mais de 1,2 mil cursos espalhados pelo país, de acordo com o portal Guia do Estudante, com base em informações do Ministério da Educação (MEC).

 Com a concorrência nas alturas e um mercado extremamente competitivo, o jovem advogado precisa ficar atento às novidades e às transformações tecnológicas que os últimos anos trouxeram para a profissão. “Eu fico preocupada, precisamos de faculdades mais visionárias que entendam que o Direito tradicional está cada dia mais disputado e não estamos preparados para esse cenário”, declara Luana Morais, acadêmica de Direito e coordenadora da Subcomissão de Acadêmicos e Estagiários da OAB/GO. 

Morais afirma que já está no mercado de trabalho, estagiando em um escritório de advocacia de Goiânia, mas teme pelo destino dos demais colegas que ainda não conseguiram uma vaga. “Essa sempre foi uma das bandeiras que debatemos à frente da Subcomissão de Acadêmicos e Estagiários da OAB. Os futuros advogados precisam entender que o jeito tradicional de trabalhar está mudando e precisamos ficar atentos às novas oportunidades que estão surgindo”, complementa. Novas oportunidades Quando fala em novos caminhos, Luana destaca o empreendedorismo jurídico como as startups jurídicas, as lawtechs ou legaltechs, um setor que cresceu 300% no Brasil, segundo a AB2L (Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs). 

“Aqui, os profissionais do Direito ocupam o papel de gestor, e o lucro é obtido pela prestação de serviços jurídicos. Na prática, você atua no ramo, por exemplo, oferecendo assessoria ou consultoria em ações judiciais e questões preventivas”. A acadêmica destaca ainda que com o advento da internet, diversos problemas surgiram, como: fake news, crimes virtuais, golpes financeiros, invasão de privacidade, roubo de senhas e dados, dentre outros. E com eles, novas oportunidades. “Por esse motivo, uma nova porta para os jovens advogados se abre. Já que também somos mais consumidores das novas tecnologias, podemos nos especializar nesse segmento e trabalhar com esse mercado”, diz. Mas a estudante lembra que de nada adianta debater esse tema ou pensar em desbravar novos mercados, se as instituições de ensino não pararem de formar apenas mais ‘candidatos a emprego’. Elas precisam se empenhar seriamente neste sentido. “Para sermos profissionais do futuro devemos nos adaptar às novas exigências. É fundamental estarmos preparados para essa nova realidade”. 

Legenda para a foto: Luana Morais, acadêmica de Direito e coordenadora da Subcomissão de Acadêmicos e Estagiários da OAB/GO: "Precisamos de faculdades mais visionárias que entendam que o Direito tradicional está cada dia mais disputado e não estamos preparados para esse cenário" (Foto: divulgação)


Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem
Bio Caldo - Quit Alimentos