A Construção Civil manteve a sua trajetória positiva no mercado de trabalho em abril de 2022 no país, com a geração de 25.341 novos postos de trabalho, saldo da diferença de 179.899 admissões e 154.558 demissões. Em Goiás não foi diferente. O setor abriu, no mesmo período, 1.816 empregos formais, resultado de 7.366 admissões e 5.550 desligamentos no mesmo mês. No acumulado deste ano, o estado acumula um saldo de 7.443 empregos.
Ao todo, Goiás ficou à frente entre os estados da região Centro-Oeste
no quesito geração de empregos, com saldo positivo de 49.035 postos entre os
meses de janeiro a abril, segundo o Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged). Em abril, o estado registrou saldo de 13.166 novas vagas
de emprego. Na comparação com o mês anterior, o Estado obteve a segunda maior
taxa de variação positiva do País (0,98%), atrás apenas do Amapá (1,04%).
De acordo com a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de
Goiás (Ademi-GO), o resultado da construção civil é reflexo da consolidação dos
lançamentos realizados no fim de 2021, cujas maior parte dos canteiros de obras
já iniciou as atividades, cenário que agora impacta no aumento do custo da mão
de obra. “Grande parte já está com as obras em andamento, ao mesmo tempo, o que
impacta em uma demanda maior por profissionais capacitados. O setor amarga uma
deficiência por profissionais inclusive da etapa primária da construção, como
mestre de obras, pedreiros, serventes, armadores e carpinteiros, entre outros”,
destaca o presidente da entidade, Fernando Razuk.
O volume de contratações prevista pelo setor para este ano, que girava
em torno de 5 mil empregos na região metropolitana de Goiânia e mais 5 mil no
interior do estado, já foi alcançado apenas no primeiro trimestre deste ano. A expectativa
agora é de uma demanda de mais de 6 mil novos postos de trabalho apenas na
Grande Goiânia.
Em 2021, o mercado imobiliário de Goiânia e Aparecida de Goiânia
encerrou o ano de 2021 com o maior volume de lançamentos e vendas da última
década: 10.942 unidades no ano, um aumento de 39% sobre 2020, que teve 7.879
unidades lançadas. Em Volume Geral de Vendas (VGV), a cifra chegou a R$ 5,8
bilhões contra um VGV de R$ 2,8 bilhões no ano anterior, alta de 102%. E as
vendas acompanharam à altura: 10.071 unidades comercializadas em 2021, aumento
de 19% em relação a 2020 (8.460), também o maior volume dos últimos 10 anos. E,
em janeiro de 2022, foram vendidas 1.042 unidades, 45% a mais do que o mesmo
mês de 2021, que vendeu 717 unidades.
Busca por solução
A falta de profissionais para suprir as vagas na construção civil em
Goiás pode estar com os dias contados. Frente liderada pela Associação das
Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO) e Sindicato da Indústria da
Construção no Estado de Goiás (Sindusco-GO) selou parceria com o Governo do
Estado, por meio da Secretaria da Retomada, para auxiliar na divulgação de
vagas do setor e incentivar a abertura e participação em cursos para qualificação
de mão de obra, outro problema também enfrentado pelas empresas.
Uma das ações que serão desenvolvidas de imediato pelo governo do
Estado será a divulgação das vagas mais urgentes da construção civil, pelo
programa Mais Emprego, durante o Mutirão do Governo de Goiás, além de portais
especializados em divulgação de ofertas de trabalho.
Outra opção estudada será a oferta de cursos específicos pelos
Colégios Tecnológicos estaduais (Cotecs), que oferecem mais de 17 mil vagas
gratuitas para cursos de qualificação. “Como já fizemos com outra entidade,
podemos focar em formações específicas apenas para atender à construção civil.
Além de auxiliarmos na divulgação das vagas, o empresário pode fazer o cadastro
delas em uma plataforma especial para que possamos encaminhar currículos que
melhor possam atender às exigências”, explica a superintendente da Retomada, do
Trabalho, do Emprego e da Renda, Raissa Rodrigues, que ouviu prontamente às
demandas.
O segmento acredita que o maior problema está na informalidade. “Esta
situação, que acaba sendo praticada por quem deseja reformar ou construir
casas, é comum, mas percebemos um aumento crescente desta prática que acaba
prejudicando o mercado de contratação formal. A luta tem que ser de todos”,
aponta o superintendente executivo da Ademi-GO, Felipe Melazzo.
“Estamos buscando apoio e solução em todos os lados. Temos também uma
parceria com o Sebrae, com um trabalho intensivo nas ações de extensão. Também
mantemos um relacionamento alinhado e de qualidade com os trabalhadores e seu
sindicato. E, quanto aos cursos, temos vagas gratuitas, principalmente pela
parceria com o sistema S, mas não há interesse pela formação na área”, aponta o
presidente do Sinduscon-GO, Cezar Mortari. “Estamos buscando todas as
alternativas possíveis, até mesmo com oferta de cursos nos próprios canteiros
de obras ofertadas Sistema S, mas que já passam a ser custeadas pelos próprios
empresários para que consigam ter trabalhadores capacitados”, destaca. Neste
caso, a obra é interrompida mais cedo e o colaborador também ganha um valor
extra para que se dedique à capacitação.
O apelo é que o governo também entre nesta parceria, auxilie com a
formação de trabalhadores e no incentivo à conscientização para que estes
profissionais saiam da informalidade. Outra ação neste sentido será realizada
pela Federação das Indústrias de Goiás (Fieg), que irá realizar uma pesquisa de
mercado sobre a construção civil na região metropolitana de Goiânia. A
expectativa é identificar onde estão os trabalhadores e o objetivo das pessoas
que hoje se encontram desempregadas, traçar um panorama humano do segmento.
Deste modo, ficará mais fácil identificar as regiões que demandarão cursos e
apoio de todo o setor.