O medo de ficar sem celular e os riscos
causados pelo vício no aparelho serão um dos assuntos debatidos no próximo
folhetim da autora
Você já ouviu falar em nomofobia
ou no-mobile? O nome pouco conhecido refere-se a uma fobia que tem crescido em
todo o mundo e que será um dos temas discutidos em Travessia, a próxima novela
das nove de Gloria Perez na Globo. Prevista para estrear em março de 2023, a
trama vai falar do medo irracional de ficar sem o celular e discutir as
relações entre o homem e a tecnologia.
Em seu Twitter, a autora
compartilhou uma pesquisa em que cientistas listaram os países com os maiores
índices de vícios em smartphones. O Brasil ocupa o 4º lugar do ranking. Já um
estudo divulgado pela Digital Turbine, mostra que 20% dos brasileiros não ficam
mais de 30 minutos longe do celular.
Para o psicólogo Bruno
Rodrigues Ferreira, coordenador do curso de Psicologia da Faculdade Anhanguera,
o avanço tecnológico é um dos fatores que contribuem para a dependência. “A
cada dia surgem aparelhos celulares mais modernos, que vão ocupando cada vez
mais espaço em nossa rotina. O aparelho acaba sendo um reforçador que mantém a
acesa a nossa necessidade em estar sempre com ele em mãos, pois nele se resolve
tudo: trabalho, estudos, entretenimento e compras. Com isso, cria-se o hábito
de estar ao celular constantemente. A todo tempo somos reforçados a emitir esse
comportamento pois ficamos com a percepção de que tudo se resolve facilmente,
graças ao celular, e se perceber longe dele pode despertar sentimentos
negativos, visto que perdemos o contato com o mundo e com nossa própria vida,
que ‘está toda nele”, explica o docente.
O estudo da plataforma de mídia
também apontou que 92% dos brasileiros fazem compras pelo celular e que desse
percentual 30% passaram a comprar ainda mais pelo aparelho móvel após o início
da pandemia. O psicólogo ressalta que apesar da comodidade ofertada pelos
aparelhos, é preciso ficar atento as reações que indicam vício. “Quando as
pessoas têm esse tipo de transtorno ansioso, o medo de ficar sem sinal, bateria
ou até mesmo internet no celular é exagerado e irracional. Checar o celular a
cada dois minutos, de forma obsessiva; ter a impressão de que a toda hora o
celular está tocando; mentir sobre o tempo que gasta no celular, não conseguir
uma interação nos ambientes, por estar mexendo no celular são sinais de que a
pessoa pode precisar de ajuda. ”, aponta Bruno.
O profissional da saúde explica
que é preciso analisar as consequências do uso descontrolado e os prejuízos
desse comportamento. “De acordo com a magnitude desse comportamento socialmente
disfuncional, a ajuda de um psicólogo é indispensável e certamente o processo
terapêutico vai ajudar esse sujeito a melhorar esse “vício” em um contexto de
reflexão. Onde se possa compreender quais são os reforçadores desse
comportamento, bem como propor ao sujeito outras
possibilidades”.
O docente pondera que o
problema não é a tecnologia em si, mas a maneira como nos relacionamos com ela,
já que o celular é um item quase que essencial para muitas pessoas, que usam
para trabalhar e estudar, por exemplo. Ele defende que o uso deve ser de forma
saudável para que o aparelho seja um facilitador do dia a dia e não um
empecilho cuja dependência vai justamente atrapalhar a rotina do sujeito.
“Quando a função de algo é clara para o sujeito, ele consegue estabelecer uma
relação baseada nessa clareza. Se o celular é para trabalhar, então é
importante definir qual o horário de trabalho. Se for para estudar, limitar o
horário de estudo. Se usado para manter relações afetivas, definir quanto tempo
do seu dia será dedicado a isso. Quando temos clareza da função, melhor
controle podemos exercer sobre esses comportamentos”, conclui o
psicólogo.