Efeitos nocivos do sol podem ser incrementados por medicamentos. Saiba como preservar sua visão e manter os tratamentos
Os olhos e a pele são os órgãos mais expostos do nosso corpo. Por isso, exigem cuidados especiais durante o verão, quando a radiação UV (ultravioleta) atinge índices extremos. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier em Campinas, o uso contínuo de medicamentos pode intensificar os danos do UV nos olhos. O especialista afirma que cerca de 300 medicamentos contêm sais que quando entram na circulação aumentam a absorção desta radiação.
O resultado é a formação de radicais livres, um dos maiores inimigos da boa visão. Ocorre quando os remédios são tomados sem o uso de óculos adequados para proteger os olhos. Isso facilita o desenvolvimento da catarata, perda da transparência do cristalino, maior causa de cegueira tratável no mundo. O primeiro sinal de que algum medicamento está causando alteração celular no cristalino é a fotofobia (aversão à luz). O médico diz que os principais medicamentos fotossensibilizantes que podem desencadear a catarata quando usados continuamente são: diuréticos, antipsicóticos, antidepressivos, analgésicos, alguns antibióticos e os corticóides que também provocam glaucoma.
Síndrome do olho seco
Segundo o oftalmologista o efeito fotossensibilizante dos anti-histamínicos usados no tratamento de alergia explica porque desencadeiam a síndrome do olho seco.
A dica do médico para amenizar o problema é beber bastante água já que no sol a maior evaporação da lágrima faz com que o ressecamento seja maior.
Outros medicamentos que aumentam a sensibilidade à luz são a pílula anticoncepcional, os indicados para arritmia cardíaca e para diabetes. Por isso, podem causar inflamação na córnea (ceratite), na conjuntiva (conjuntivite) e opacificação do cristalino. Os sinais são vermelhidão, fotofobia, sensação de areia nos olhos e visão embaçada.
Conjuntivite tóxica
Até o uso de filtro solar e de bronzeador exigem cuidado. Isso porque contêm substâncias tóxicas para os olhos. Estudo conduzido por Queiroz Neto com 270 pacientes, mostra que no verão o filtro solar responde por 46% dos casos de conjuntivite tóxica e os bronzeadores por 39%. Os sintomas são: ardência nos olhos e visão embaçada. Para eliminar o desconforto, recomenda lavar abundantemente os olhos com água filtrada. Não desaparecendo os sintomas é necessário consultar um oftalmologista. Para minimizar o efeito fotossensibilizante dos medicamentos a orientação é tomar sempre à noite quando a prescrição é de uma vez a cada 24 horas, como é o caso de pílula anticoncepcional.
Como preservar a visão
O oftalmologista afirma que a única forma de proteger os olhos dos efeitos do sol é usar lentes com 100% de proteção UV. Até lentes transparentes podem ter esta proteção, destaca. Os solares com filtro UV, comenta, são mais caros que os vendidos pelos camelôs porque as lentes passam por controle de qualidade e recebem resinas tonalizantes que absorvem a radiação UV e parte da luz azul também prejudicial, por causar catarata e degeneração da retina. O especialista adverte que lentes sem proteção são piores do que a falta de óculos de sol. Isso porque, o escurecimento provoca a dilatação da pupila e permite a penetração de uma maior quantidade de radiação nos olhos.
Cor das lentes e conforto
"Embora até as lentes transparentes possam ter filtro UV, bons óculos escuros melhoram o conforto visual porque ajustam a quantidade de luz que chega aos olhos sem alterar a visibilidade" afirma. Para o dia a dia as cores mais confortáveis são âmbar, marrom e cinza que permitem boa visão de contraste e profundidade, além de reduzirem reflexos. Para dirigir em dias nublados, recomenda as lentes cinza por permitirem melhor visão de contraste. Para surfistas e outros esportes aquáticos a dica são as lentes rosa e púrpura que melhoram a visão de contraste em fundos verdes ou azuis. No lusco-fusco do entardecer, recomenda lentes amarelas que reduzem o ofuscamento de motoristas provocados pela luz dos faróis.