ARTIGO: Recordes no campo e nas vendas

*O agronegócio está prestes a encerrar um ano para ficar na história. Em meio às turbulências políticas e econômicas do país, o setor foi beneficiado por uma conjuntura que favoreceu produção e exportação recordes no período


O agronegócio está prestes a encerrar um ano para ficar na história. Em meio às turbulências políticas e econômicas do país, o setor foi beneficiado por uma conjuntura que favoreceu produção e exportação recordes no período. A rentabilidade pode não ter sido a esperada, mas com certeza foi positiva. Fator de risco em uma atividade altamente atrelada ao dólar, o câmbio foi a variável que fez a grande diferença.

Foi a relação entre o dólar e o real que manteve as cotações das principais commodities agrícolas no Brasil descoladas, e muito, da Bolsa de Chicago, referência na formação de preço, cenário que deu mais competitividade à produção e ao produtor nacional. Enquanto a cotação internacional, em dólar, despencou para algo em torno de US$ 19 a US$ 20 a saca, os negócios com a oleaginosa no Brasil se mantêm firmes acima dos R$ 60 a saca.

Tivemos problemas? Sim! Mas são muitas as conquistas. Estamos batendo recordes nos embarques de soja e milho, nos reafirmamos como o maior exportador de carne de frango e agora também somos o segundo maior produtor mundial de aves. E o ano ainda não terminou. Se a chuva permitir, os terminais continuam carregando soja e milho até o último instante de 2015.

Em resumo

A safra foi boa e a rentabilidade idem, a considerar o cenário econômico, porque o dólar mudou a sazonalidade de preços. As cotações permaneceram atraentes no plantio e na colheita e estabeleceram maior dinamismo e liquidez na soja, que se reafirma como a grande cultura no Brasil. Já o milho, com o volume de produção e de embarque, assume definitivamente postura de agricultura comercial no país.

Em 2015, a expectativa é embarcar mais de 50 milhões de toneladas de soja em grão e atingir uma marca histórica para o milho, que pode chegar a 30 milhões de toneladas exportadas. Estamos falando de mais da metade da soja e quase um terço do milho produzidos em território nacional que são comercializados no mercado internacional. Haja produção, de norte a sul do país.

Para mandar tudo isso para o exterior, o Brasil também teve recorde de produção, com 210 milhões de toneladas de grãos. Na mesma linha, o Paraná, segundo produtor nacional, no ciclo 2014/15 registrou marca histórica de 38 milhões de toneladas. Da safra nacional, quase a metade do volume vem da soja, a commodity agrícola com maior liquidez no mercado nacional e internacional.

Perspectivas

Para a safra que está em andamento, muita atenção ao clima. O indomável El Niño começa a comprometer o desenvolvimento das lavouras com excesso de chuva na região centro-sul e falta de água no centro-norte. Preocupação menor que o clima, o câmbio deve continuar favorável às exportações, entre R$ 3,80 e R$ 4, no primeiro trimestre do ano novo, quando se concentra o pico da colheita de verão. Outro destaque está na demanda, interna e externa, que não deve ter grande alta, mas continua crescendo. Com infraestrutura em plena expansão, em especial no tocante à logística, que privilegia o escoamento da produção, o agronegócio brasileiro também deve melhorar em eficiência e competitividade.

Contudo, mais do que nunca, será preciso muito cuidado na gestão do negócio. Os estoques mundiais em alta exercem pressão sobre os preços. O crédito agrícola no Brasil está escasso e mais seletivo.

E a ferramenta de proteção, o seguro rural, uma novela. Sem recursos garantidos, promessas não cumpridas, incertezas e muita insegurança, as indefinições sobre seguro representam um entrave e uma limitação na tomada de decisão pelo produtor. Por fim, todo o cenário político-econômico do Brasil, que afeta a confiança do consumidor e do produtor, com impacto direto e indireto no campo.

*Por Paulo Roberto Melo Gestor Empresarial

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