Médica da Monte Parnaso fala sobre as doenças dermatológicas mais comuns em bebês e como tratá-las
A pele de um bebê tem cerca de metade da espessura da pele de um adulto, e durante os primeiros meses de vida passa pelos mais diversos problemas, o que acaba tirando o sono de muitos pais. Felizmente, grande parte dessas lesões de pele se originam em decorrência da passagem de hormônios da mãe para o bebê, ou simplesmente são um modo de proteção da pele, e costumam sumir ainda nos primeiros meses de vida. Já outras, são causadas por produtos impróprios para a pele ou por fatores externos, como falta de higiene ou bactérias, por isso é sempre importante tomar um cuidado especial com a pele do bebê.
A dermatologista Dra. Ana Regina Trávolo, da clínica Monte Parnaso, dá palestras sobre a pele da gestante e do bebê, e conta que muitas vezes as mães tem dúvidas do que pode ou não ser usado na pele do bebê. “Devemos utilizar apenas produtos indicados para bebês, pois deve ser protegido contra agentes químicos que possam destruir a camada normal de gordura que reveste essa pele, e existem muitos produtos que podem causar efeito prejudicial, como sabões antissépticos, produtos com álcool, entre outros”, relata.
Há casos em que os problemas na pele são causados pelo exagero, conta a dermatologista. “Orientamos evitar banhos quentes e demorados, roupas em excesso que dificultem a transpiração da pele e excesso de cremes hidrantes de consistência espessa. Devido à sensibilidade da pele do bebê, tudo em excesso pode ser prejudicial”, explica.
Um problema muito comum em bebês são as dermatites das fraldas, conhecidas popularmente como assaduras, que são causadas pelo contato da pele com urina e fezes retidas nas fraldas plásticas. O local das assaduras fica vermelho e causa irritação e maceração da pele, além da retenção de suor e, em casos mais graves, pode originar uma infecção secundária por fungos ou bactérias.
Dra. Ana explica que o tratamento das dermatites das fraldas, às vezes, pode ser complicado, pois os quadros tendem a piorar após o uso de pós, óleos, sabões e pomadas. “Indico que os pais lavem a região da assadura com água morna, mas não esfreguem. É importante trocar de fraldas várias vezes por dia, mas também deixar o bebê sem durante um período, para ventilar a área. Ao consultar o dermatologista, podem ser indicados pomadas de óxido de zinco, corticoides e antifúngicos como complemento. Particularmente, indico utilizar maisena, que ajuda a retirar a umidade do local”, comenta a médica.
A médica conta que, no primeiro mês de vida, é frequente o surgimento de fenômenos transitórios na pele do recém-nascido, que geralmente desaparecem espontaneamente, sem necessidade de tratamento. Conheça abaixo quais são os mais comuns:
Verniz Caseoso: É uma camada de substância gordurosa e esbranquiçada encontrada sobre a pele do recém-nascido. Tem diversos funções, como facilitar a passagem do bebê pelo canal do parto, hidratar a pele e proteção contra infecções bacterianas. É indicado que não seja removido totalmente nos primeiros banhos, mas que deixe que desapareça espontaneamente com o passar dos dias.
Lanugem: É comum que alguns recém-nascidos tenham a pele recoberta por pelos finos, não pigmentados e com pequeno potencial de crescimento, sendo encontrado no dorso, ombro e face. Não causa nenhum mal-estar no bebê e costuma desaparecer nas primeiras semanas de vida.
Icterícia fisiológica: Ocorre quando a pele do bebê fica com uma coloração amarelada. Geralmente se inicia no segundo dia de vida, e ocorre em até 60% dos recém nascidos a termo, e 80% dos prematuros. Acontece devido ao acúmulo de bilirrubina indireta na pele, e regride espontaneamente em poucos dias.
Puberdade em miniatura: Em decorrência da passagem de hormônios placentários e maternos para recém-nascido, ele pode desenvolver quadro clínico semelhante ao induzido por hormônios durante a puberdade e a gestação, como hiperpigmentação da linha alba, e aumento do tamanho dos genitais e hipertrofia mamária. Porém, o quadro regride em dias ou semanas.
Acne neonatal: Atinge mais de 30% dos recém-nascidos, e é comum entre a terceira e a quarta semana, podendo durar até seis meses. Ocorre devido a predisposição genética e os hormônios maternos passados para o bebê durante a gestação e a amamentação. É normal, por isso não é indicado que as espinhas ou cravos sejam espremidos.